sábado, 7 de novembro de 2009

UMA TARDE DE AMOR.

7 de dezembro de 2008. O VASCO perdia para o Vitória em São Januário e começava a escrever o capítulo mais triste de sua vitoriosa história. Não lembro bem o que senti naquela tarde. Uma mistura de tristeza, dor, amargura. Essas lembranças ficaram difusas, mas deixaram marcas. Uma ferida havia sido aberta, e doía. Quis o destino que meu amor fosse colocado à prova. Aliás, conheci dois tipos de amor em minha vida. Ambos são eternos - não acredito em amor efêmero - definitivos: O amor que une pais e filhos e o amor que une um torcedor verdadeiro e seu time. Posso afirmar feliz que vivo movido por ambos. Tenho pais e filhos maravilhosos e torço por um clube que atende pelo nome de Vasco da Gama.

O ano de 2009 prometia ser difícil. Um clube despedaçado tentava se reerguer. O começo não foi muito promissor: uma comissão técnica competente, mas jogadores desconhecidos, à exceção do Carlos Alberto. Mas o tempo, senhor da sabedoria, passou. O time de ilustres desconhecidos começou a se impor. Mostrou disposição, quando faltava qualidade; mostrou raça, quando a sorte não ajudou. E o amor, posto à prova, resistia, firme e convicto. O campeonato Carioca, logo no início do ano, serviu pra mostrar que amor de verdade não sucumbe jamais. Lá estava a torcida do VASCO, ainda triste, ferida, mas como convém à uma boa história de amor, ao lado do clube amado. Dizendo em alto e bom som: Estamos aqui, ao seu lado. O sentimento não parou e nem vai parar.

Pois o clube da "segunda divisão" venceu TODOS os rivais no Carioca 2009. Em TODOS os jogos, contra esses rivais, nossa torcida foi maior. Na maioria das vezes, MUITO maior. Não vencemos o Carioca. Nem precisava - O orgulho voltava, mais forte. Na Copa do Brasil fomos às semi-finais. Eliminados pela incompetência do árbitro, não pela superioridade do adversário. Nesse momento o VASCO mostrou sua grandeza. A torcida cobrou a eliminação. Lógico, aqui é VASCO. Não importa a divisão nem o campeonato. Num recado claro, talvez um pouco impaciente, a torcida lembrou nesse momento que nascemos pra vencer.

Desgastado pelas competições do primeiro semestre, o VASCO atravessou um pequeno momento de instabilidade. Nada que abalasse o orgulho e a confiança que já haviam sido reestabelecidos. As cobranças surgiram, como é normal num time da grandeza do VASCO. Passadas algumas rodadas de relativo insucesso, retomávamos o caminho das vitórias para não mais deixá-lo.

A torcida continuava dando um show. Onde o VASCO jogasse, as demontrações de amor e paixão surgiam fartas. Nossos torcedores enchiam os estádios pelo Brasil afora, reafirmando o que haviam dito no início do ano - Estamos juntos. O sentimento está mais vivo que nunca, pulsando, e não vai parar. No dia 22 de agosto, até o mais cético sucumbiu: o VASCO ia jogar pela 19ª rodada do campeonato da segunda divisão - é isso mesmo, 19ª rodada, meio de campeonato, o jogo não valia nada, e era um campeonato de segunda divisão - a única coisa de excepcional que havia era um dos times que estaria em campo: Club de Regatas Vasco da Gama. Pronto, isso bastava. 80.000 pessoas se dirigiram ao Maracanã para dar a primeira prova incontestável de amor. O Brasil assistiu atônito, ao vivo na globo, o clube de segunda divisão bater o recorde de público de TODAS AS DIVISÕES DO FUTEBOL BRASILEIRO, para assistir a uma partida que valia apenas 3 pontos, nada além disso, 3 pontos pela 19ª rodada...Se isso não é amor, o que mais seria?

A partir daí, o vascaíno passou a sorrir fácil de novo. A imprensa afrontada com tamanhas demonstrações de amor e grandeza admite: Não se derruba um Gigante como o VASCO. O retorno agora é apenas questão de estabelecer "quando". "Como" não era mais problema: Se em campo o time claudicava, na arquibancada a torcida intimidava os adversários e mandava o recado: Vamos subir VASCO !!! Embalado pela melodia fácil e bonita, o time respondia em campo e as vitórias iam se sucedendo. Um tropeço aqui e outro ali já eram tratados como contingências normais. O processo de reerguimento agora era irreversível, todos sabiam.

********************************

7 de novembro de 2009. O VASCO entra em campo e é recebido por 82.000 torcedores, amantes, apaixonados. Faltavam agora 90 minutos pra história retomar seu curso normal. Quase não vi o jogo, admito, emocionado que estava. O que acontecia em campo naquele momento era irrelevante. A vitória viria, não tinha dúvidas. O que me prendia a atenção era o sentimento que exalava das arquibancadas do Maracanã. Era tão intenso, tão arrebatador que parecia condensar. Em cada rosto, em cada olhar, o orgulho de ser VASCO era nítido, indisfarçável. Senhores, esse é o maior patrimônio que um clube de futebol pode querer: O AMOR INCONDICIONAL DE SEUS TORCEDORES. Olhando sob esse prisma, posso afirmar sem medo de ser exagerado: Naquele momento, o VASCO era o clube mais rico do mundo.

Fim de jogo. Explosão de alegria, alívio. Voltávamos em grande estilo. Novamente o Brasil via uma torcida lotar sozinha o Maracanã e declarar uníssona seu amor ao clube. Me lembrei nesse instante daquele 7 de dezembro fatídico. Logo depois um filme passou rápido pela minha cabeça. Vieram as vitórias, o recomeço, o orgulho reconstruído. Algumas lágrimas rolaram, dessa vez, lágrimas de orgulho, felicidade. Acabava naquele momento mais um capítulo dessa história de amor que já dura 41 anos, minha idade. Final feliz, como sempre. Demorei muito a dormir nesse dia. Antes de ser vencido pelo sono, a última coisa que se passou pela minha cabeça foi o trecho da música que vinha da arquibancada:

"De todos os amores que eu tive és o mais antigo..."

VASCO, EU TE AMO !!!!!!!!!!!

Curtas:

* Essa mobilização, assim como o sentimento, não pode parar. Não devemos esperar a alegria completa ou a dor profunda para estar ao lado do clube. Todo o jogo do VASCO é excepcional e merece a nossa presença. Sempre.

* O título continua uma obrigação, nada de se acomodar. Nem time, nem torcida.

* 2010 promete...

4 comentários:

  1. Perfeito João. Bem escrito e emocionante! O nosso Vascão voltou porra!!!!! E voltamos pra sermos de novo o Vasco das boas lembranças! O Vasco vencedor.

    Grande abraço, e durante a semana te confirmo se vou a São Januário. Abraço companheiro, essa gelada tem que sair!

    ResponderExcluir
  2. Falou e disse tudo João, show de bola.

    Abraço
    Jeferson

    ResponderExcluir
  3. Boas palavras !!
    Me orgulho de estar nesse dia tão especial para um time irmão.

    Foi prazer conhecer e ver que somos parecidos em muitas coisas ( Palmeirenses e Vascainos).

    Abraços

    Zoinho centro / sul

    ResponderExcluir
  4. beleza de texto....vamos saborear uma codorna sexta?cade vc?sumiu?

    ResponderExcluir

Solta o verbo, amigo !!!!