terça-feira, 3 de novembro de 2009

O REENCONTRO COM O ÍDOLO.

Tenho usado este espaço para emitir opiniões, nem sempre sensatas, reconheço. Mas quem disse que pretendo ser sensato o tempo todo? Sou torcedor, antes de tudo. E sou Vascaíno, que é ser ainda mais que torcedor. Hoje, vou fugir à regra. Vou falar de mim, dizer como e porque sou Vascaíno. Isso tem tudo a ver com Roberto Dinamite. Não o presidente. Com o jogador, o ídolo. Sou de uma família de tricolores. Comecei a frequentar estádios na companhia do meu pai, aos 8 anos, que me levava pra ver a "máquina tricolor". Time de grandes jogadores. Pois nem a influência do meu pai, a quem devoto todo amor que um filho pode devotar a um pai, nem a influência de Rivelino, Gil, Carlos Alberto entre outros, foi capaz de me seduzir. Pelo clube da Cruz de Malta jogava um rapaz chamado Dinamite. Ele envergava a camisa mais bonita, dentre todas que existiam. Nas costas, o número 10. Era o único grande craque desse time (e assim foi por quase toda sua carreira). Mas possuia brilho suficiente para manter aquele time em evidência. Isso, somado aos sábios conselhos do meu padrinho, foi o suficiente para que a escolha fosse sacramentada. Havia nascido vascaíno. Descobria isso, então. Na verdade, nunca escolhi o VASCO. Antes, o VASCO me escolheu.

Assim como as gerações mais novas viram os feitos de Romário, Edmundo e Juninho, eu e os da minha geração vimos Roberto Dinamite. Não pensem, os mais novos, que é pouco. Não é. Ele, muitas vezes sozinho, manteve o VASCO em evidência por quase 15 anos. Paradoxalmente, não foram tempos de tantos títulos. Mas foram tempos de um ídolo de verdade, com a cara do VASCO. Perseguido e muitas vezes injustiçado, como o VASCO é.


Nos quase 15 anos em que jogou no VASCO, Roberto só fez parte de UM time fantástico, o de 1987. Fora esse, todos os outros foram times bons, com jogadores abnegados, de muita raça, mas sem brilho. O primeiro título do Roberto foi o brasileiro de 1974. O VASCO jogou na decisão com Andrada, Miguel, Fidélis, Moisés e Alfinete; Alcir, Zanata e Ademir; Jorginho Carvoeiro, Roberto Dinamite e Luís Carlos. Desses, o único que vestiria a camisa da seleção em copa do mundo seria o Roberto. Bom time, mas sem nenhum grande craque, além do Roberto. E a final foi contra o grande Cruzeiro de Dirceu Lopes, Nelinho, Joãozinho e cia. Ganhamos. Adivinhem quem foi o artilheiro desse campeonato?

Em 1977, mais uma vez. Um bom time. Melhor até que o de 1974. Ganhamos do urubu na final com Mazzaropi, Orlando, Abel, Gaucho e Marco Antonio; Zé Mario, Zanata e Dirceu; Wilsinho, Roberto e Paulinho. No time deles já jogavam Zico, Junior e Tita. Roberto foi o segundo artilheiro com 25 gols. No anos seguintes, o rival montou um time realmente muito bom e, não fosse o VASCO de Roberto, teria ganho muito mais títulos e com maior facilidade ainda. E, mais uma vez, Roberto carregava sozinho o peso de manter o VASCO em evidência. E conseguia. Era invariavelmente artilheiro dessas competições, e levava o VASCO a disputar os títulos, mesmo com um elenco muito inferior. Em 1982, mais uma vez com um time inferior, fomos campeões. Lá estava Roberto como artilheiro do campeonato. Vencemos na final os urubus de Zico, Andrade, Adílio e cia. No elenco do VASCO, Roberto, sozinho, brilhava por uma constelação completa. Em 1987 Roberto teve o prazer de ser campeão no único VASCO inesquecível de sua carreira. Nem por isso foi coadjuvante. Estava lá, como protagonista. O artilheiro foi Romário. Em segundo, Roberto. O torcedor tinha esse time na ponta da língua: Acácio, Paulo Roberto, Fernando, Donato e Mazinho; Dunga Geovani e Tita; Mauricinho, Roberto e Romário. Um timaço. O único da carreira do Roberto com a camisa do VASCO. Esse currículo fez dele ídolo de toda minha geração.

Essa condição de ídolo ficou abalada com sua chegada à presidência. Nem o fato de representar o fim da "era Eurico", de lembranças tão amargas, foi capaz de desfazer o desconforto de ver o ídolo às voltas com a política do VASCO. O episódio da queda acentuou esse desconforto, e, pela primeira vez, me vi questionando sua condição de ídolo, que minhas lembranças ainda sustentavam.

Assim me senti até ontem.

Não gosto da globo, não escondo. Nem tampouco do Galvão Bueno. O tal "Bem Amigos" é intragável. O que dizer de um programa que consegue reunir Renato Maurício Prado, Paulo Cesar Vasconcelos, Arnaldo Cesar Coelho sob comando de Galvão Bueno? Não obstante, ontem fiz o esforço. E não me arrependo. Vi o VASCO e seu maior ídolo serem reverenciados como pouquíssimas vezes tenho visto na televisão. A forma respeitosa com que o VASCO foi tratado e o reconhecimento que Roberto mereceu me emocionaram. Como se não bastasse, vi o grande Paulinho da Viola decantar seu amor à Cruz de Malta, exaltando, com brilho nos olhos, o VASCO e seu maior ídolo. Durante o programa, viajei pelas minhas memórias. Relembrei gols e títulos inesquecíveis, conquistados sob liderança do Roberto. E, aos poucos, o ídolo e o presidente convergiram para o mesmo rosto de sorriso fácil de sempre.

O VASCO, em campo, vai cicatrizando suas feridas, retomando o rumo vitorioso de sua história. Fora de campo, o presidente, tal qual um almirante, está lá ao leme, dando rumo à Nau. E ontem, num momento muito especial, o torcedor mais antigo reencontrou seu maior ídolo.

Curtas:

* Para não ser prolixo, não citei outros tantos títulos da carreira do Dinamite. Foram muitos, assim como foram seus gols com a camisa do VASCO.

* Não haverá justificativa para menos de 85 mil pessoas sábado no Maracanã. Se forem disponibilizados 86 mil lugares, espero 86 mil presentes. Nada menos que isso.

* O acesso, na 34 ª rodada. O título, eu espero na 36ª.

11 comentários:

  1. Acesso já, título eu penso que será mais complicado, pois a distância ainda é mínima e não podemos dar mole. Qta o dinamite, elel me fez er Vasco. tenho umafoto antológica dele,entrando no ìtalo del cima, em campo grande com a camisa do vasco e ele cercado pelas grades com fãs ao lado querendo tocar o cara. lembro da primeira esposa dele, a jurema, que não gostava do Eurico. era sensitiva!!!! Acho que não o valorizamos como ídolo...o vasco nunca faz isso, talvez agora com ele a frente o venha a fazer. acho que em nada afetou a sua condição de ídolo, a sua chegada a presidência, muito pelo contrário aumentou a minha admiração. Pra que ele daria a sua cara a tapa e se exporia tanto? por que cargas dágua ele arriscou a sua reputação de ídolo para ajudar o clube? nem o dinheiro explica isso... mas, em suma creio num vasco melhor como sempre fomos e acho que o time de 1977 era um timaço, raça e técnica juntos. teve excelenet campanha no brasileiro de 78 e fez a base do time vice de 79! lembro do time do vasco com daniel gonzalez na zaga e acácio no gol , rosemiro na direeita , pedrinho na esquerda e Ivan , o terrível completando a zaga, o meio com Pires, sderginho, dudu, guina, pedrinho Gaúcho,, zandonaide, o ataque tinha wilsinho, Roberto, paulinho, césar... e o técnico era um iniciante e então bom, Antonio lopes e me lembro muito do "titio" fantoni. boa e´póca, que foi superada pelo esquadrão de 90, que foi formado pelo espelho que esses atletas tinham antyes desse Vasco grandioso e que se perdeu com Eurico depois de 20001 uma pena, o tempo perdido, mas nada melhor que recomeçar e debaixo como estamos fazendo...abraços, leandro

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  2. Brother não possuo TV a cabo ou por assinatura, mas "virei e revirei" todas os sites que conheço sobre o nosso Gigante da Colina para ver os vídeos do programa e faço das suas as minhas palavras, me emocionei ao ponto de chegar as lágrimas de alegria em torcer por este clube e vi em Roberto o ídolo jogador e agora ídolo presidente um futuro melhor do que os últimos 7 ou 8 anos da administração euriquista, já estamos vivendo uma nova era em que até a TV Globo reconhece e se rende ao GRANDE Dinamite.

    Não tive o prazer de ver ao vivo (apenas em vídeos recuperados que hoje fazem parte de minha coleção)o Dinamite jogar tenho 31 anos e apenas vi o final de sua carreira o que já me deixa muito feliz. Sou de uma família de tricolores também, mas de tricolores Paulistas, meu saudoso Pai era São Paulino assim como minha Mãe e irmão do meio também o é, meu irmão mais velho foi para o lado negro da força e é framenguista, eu desde os 9 anos sou Vascaíno fanático, acho que desde que comecei a entender de futebol, pois em virtude de acompanhar sempre meu Pai "era" São Paulino também, mas um gol do Sorato de cabeça em 1989 em pleno Morumbi lotado me fez entender o quanto o Vasco foi, é e sempre será importante pra mim.

    Sou de Santa Catarina, nasci aqui, e sempre que posso vejo meu Vascão quando joga em SC e também vou ao Paraná, Coritiba fica a 90 km de minha cidade e várias vezes vi meu Vascão desfilar nos gramados da região, tive poucas oportunidades de ir ao Rio ver o meu Vascão, fui feliz em umas e pé frio em outras hehehe, uma que jamais me esqueço foi a vitória pela partida de ida da final da Libertadores, só alegria e uma que me marco negativamente foi a derrota nos pênaltis para os gambás no Maracanã, mas são ossos do ofício.

    Este ano não poderei ir ao Rio ver meu Vascão mas quero ir ano que vem na final do Cariocão 2010 estaremos lá e venceremos os vermes.

    Grande abraço e peço desculpas por escrever um "jornal", hehehe era só pra ser um comentário de poucas linhas, mas vejo nas suas histórias e seus posts, um pouco das minhas.

    Jeferson
    Blog do Vascão

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  3. Leandro,

    Antes de mais nada quero que saiba que é um grande prazer receber seus comentários. Reconheço que o time de 1977 era muito bom, acho inclusive que era melhor, do ponto de vista técnico, que o campeão brasileiro de 1974. O que quis dizer é que não foram times brilhantes. Por exemplo, desse time de 1977, que jogador jogaria no VASCO de todos os tempos? Eu só consigo pensar no Roberto. Era um time voluntarioso, de muita raça, mas não foi brilhante, entende? O que não desmerece em nada suas conquistas. Mas gostaria de ter visto o Roberto jogar em um GRANDE time, como Zico, por exemplo, teve oportunidade de jogar. Mas isso são divagações. Quanto ao fato do Roberto ter entrado pra política, realmente não me deixou boa impressão, no início. Mas já está superado. O ídolo está de volta. Abração amigo. Saudações Vascaínas pra turma da Maldita.

    Jeferson,

    Meu velho, aqui tu escreves quantas linhas quiser. A casa é sua. Ter visto o Roberto jogar foi muito bom. O cara era fera mesmo. Aliás, contribuiu, e muito, pra eu ser vascaíno. Abração.

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  4. Leandrão,

    Em sua homenagem, meu velho. Acho que é essa a foto a que você se referiu. Abraços.

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  5. Sensacional João. Não vi o Grande Roberto jogar, mas essas suas belas palavras me fizeram o ter como mais ídolo do que eu já tinha. O Vasco é o Roberto e o Roberto é o Vasco! E nesse sábado o gelo não passa!! Pode me ligar que o celular vai ta cheio de bateria dessa vez. Grande abraço!

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  6. Salve João, beleza?
    Meu caro, chego aí no Rio na sexta à noite. Já estou com os ingressos comprados para o acesso do Vascão sábado (vou de arquibancada) e para o jogo do Palestra no domingo (cadeira). Me manda um email para forza.palestra@yahoo.com.br para a gente trocar os telefones e combinar de tomar umas por aí.
    Abraços

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  7. Pasando para te avisar que falei de seu Blog na última postagem la no meu blog, também coloquei o seu link no post.

    Aguardo seu comentário.
    Abraço
    Jeferson
    Blog do Vascão

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  8. Palavras bonitas, para quem merece, Roberto escreveu uma grande parte da história do Vasco, como aqueles de 1950, entre tantos, Roberto se destacou, virou lenda, e arriscou toda a sua imagem de ídolo maior de uma nação, para levantar a barca vascaína em naufrágio,e não deu outra, com a mesma competência de jogador ressurgiu o nosso vascão.

    Belo post, o Vasco é isso amor sem divisão, a gente não escolhe ser Vasco, ele nos escolhe só temos o direito de continuar esse amor.

    OBS: se poder entrar no meu blog, da uma força, para ele se difundir, ia ser legal.

    colinavasco.blogspot.com

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  9. João vi que foram vendidosa até hoje 64.500 ingressos restando cerca de 3.500, o que daria em torno dos 68 mil ingressos vendidos, para o recorde ser batido de 83 mil seriam necessários mais 15 mil ingressos, e com certeza 15 mil entrando como cortesia e gratuidades fica difícil de acreditar, acredito em no máximo uns 4 mil entrando desta forma, você que esta ai mais perto das notícias, pode me dizer se isso é verdade ou especulação?

    Aguardo resposta la no blog do Vascão.
    Abraço
    Jeferson

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  10. Valeu João.

    Obrigado por compartilhar esta informação, foi de grande valia e me ajudou com certeza.

    Abraço brother
    Jeferson

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  11. Cara, é essa foto mesmop...show de bola, João. mas acho que naquele time de 1977 o Abel seria banco do time de todos os tempos e dirceuzinho tb! show de bola...

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Solta o verbo, amigo !!!!