sexta-feira, 25 de setembro de 2009

HERANÇA DO PURGATÓRIO

Segundo a definição do Priberam, meu dicionário online preferido, Purgatório significa - s.m. Lugar onde se purificam as almas que, não merecendo o Inferno, não podem, contudo, entrar no Céu sem expiarem a culpa. - É ou não é a definição exata para um ano na segunda divisão? A verdade é que o VASCO, ano passado, não fez por onde merecer o Céu. Contudo, por sua história de conquistas, também não merecia o inferno. Mas precisava expiar sua culpa por ter feito um campeonato brasileiro ridículo, onde levou 72 gols em 38 jogos, e com Jorge Luis e Eduardo Luis como titulares da zaga, o que , aliás, explica essa estatística. E o purgatório tem se caracterizado por jogos como o de amanhã: jogo contra o Duque de Caxias ?!?!?, com todo o respeito, pela segunda divisão do campeonato brasileiro, é a prova material incontestável de que esse ano do VASCO tem sido de expiação de pecados graves cometidos num passado recente.

Mas há uma grata herança surgindo em meio a tanto sofrimento e tristeza. Hoje, testemunhei uma cena que tem se tornado comum. Duas senhoras, em locais e momentos distintos, envergavam com orgulho, como faziam supor suas expressões, camisas do VASCO. A primeira usava uma camisa "O Sentimento Não Pode Parar". A segunda, uma camisa oficial. Duas senhoras respeitáveis, de meia idade, usando camisa de um clube de futebol. Do VASCO. Que espécie de sentimento leva duas pessoas assim a envergarem a camisa do seu clube de coração? Logo do clube que disputa o campeonato da segunda divisão?

Pois é dessa herança que falo. Nunca o VASCO esteva tão próximo de sua torcida. Esse fenômeno, da desgraça consumada alimentando paixão e compaixão, já foi observado em outras ocasiões. O exemplo mais recente mostrou a torcida do Corinthians abraçando seu clube. Mas, em ocasiões anteriores, esse fenômeno já tinha se manisfestado. Acontece que, com o VASCO, a coisa tem um outro elemento: não há mais a figura controvertida de Eurico Miranda, que emprestava sua antipatia ao VASCO, ao ponto de afastar de nossa torcida vascaínos, ou vascaínas, como as senhoras retratadas acima. Resolvida essa equação, encontramos, como resultado, 80.000 pessoas no Maracanã para assistir VASCO x Ipatinga.

É uma herança suficientemente boa para aplacar o sofrimento de ter passado todo o segundo semestre jogando às terças, sextas e sábados. Mas ainda é pouco. É pouco diante da grandeza do VASCO. Explico: O Santa Cruz, jogando no Arruda pela série D, teve uma média de 38.246 torcedores por jogo. O Atlético Mineiro, por sua vez, tem até agora uma média de 36.717 torcedores jogando como mandante no Mineirão. O VASCO tem o triplo de torcida que os dois somados. Sei que nossa torcida é espalhada por todo o Brasil. Sei também que lotamos quase todos os jogos onde figuramos como visitantes - na maioria das vezes com mais torcida que o time da casa. Mas nossa média é de 20.655 torcedores por jogo. Ok, São Januário estava limitado a 18.000 espectadores. Nossa média em jogos no Maracanã se eleva a incríveis 50.635 pagantes. Mas temos a obrigação, nos (provavelmente) 2 jogos que faltam no Maracanã, de elevar essa média e bater o recorde de público, que já é nosso. Isso está à altura da nossa grandeza.

Outra herança que merece ser comemorada é o reencontro da torcida vascaína com o Maracanã. Quem conhece a geografia do Maraca, sabe que para nossa torcida ocupar as arquibancadas brancas, implica em dar meia volta no anel da arquibancada. Isso porque só VASCO e mulambos possuem lugar cativo nas arquibancadas do estádio Mario Filho. Entramos sempre pela rampa da UERJ. Eles, pela estátua do Bellini. Acontece que as arquibancadas brancas ficam exatamente na entrada do Bellini, o que permite que eles as ocupem sem o menos sacrifício. Com essa sequencia de jogos de uma única torcida, reaprendemos o prazer de ver o jogo dali, do meio do campo. A branca tem estado sempre com excelente público. Isso vai se refletir nos próximos jogos do VASCO contra os rivais do Rio, numa distribuição mais homogênea da torcida por todos os setores da arquibancada, o que confere à nossa "ola", já inigualável, um aspecto ainda mais arrebatador.

Não advogo a idéia de que essa peregrinação momentânea em divisões inferiores faça mais bem do que mal. Mas, numa visão bastante pragmática, o saldo tem sido extremamente positivo, por tudo já colocado acima, e em outras oportunidades. Resta agora saber capitalizar de forma produtiva, com a ambição proporcional à nossa vitoriosa história, toda essa herança de amor e paixão latentes, que o purgatório tem nos legado.

SAUDAÇÕES VASCAÍNAS !!!!!!!!!!!!!!!!!

Curtas:

* O fato de o mandante do jogo amanhã ser o adversário não pode, nem deve, diminuir o entusiamo do torcedor vascaíno. Temos a obrigação de apoiar o time, que vem fazendo por onde merecer esse apoio.

* Se nossa ambição for proporcional à nossa história, podemos e devemos investir em jogadores como Ronaldinho Gaúcho e Juninho, para montar um time capaz de conquistar todos os títulos que são devidos à nossa imensa torcida.

* Assis, irmão e procurador de Ronaldinho Gaúcho, é ex- jogador do VASCO e tem ótimo trânsito em São Januário. Não é impossível uma composição de empresários para , à exemplo do Corinthians, repatriar o craque e dar a ele um clube à altura do seu talento...

* Contamos com o profissionalismo e criatividade da nossa diretoria para montar esse elenco, capaz de recolocar o VASCO na trilha das conquistas.


3 comentários:

  1. belo texto, me conceda apenas a honra de assinar embaixo.

    Abraço!"

    ResponderExcluir
  2. Salve, vascaíno. De fato, essa série B é um martírio. Nesse momento, principalmente, há uma angústia inenarrável de querer que o troço acabe logo. Mas essa volta e essa união em torno da causa também é bonita, e logo logo o Vasco estará de volta ao seu lugar de direito. Eu sempre digo aos rivais verdes que minha "alegria" pela queda deles durou uns 10 segundos, porque eu já logo percebi que não teríamos pelo menos 2 derbys no ano seguinte.

    E, sim, o Priberam é o melhor dicionário online! Abraço!

    ResponderExcluir
  3. Almirante,

    Quem sou eu amigo? Se você assina esse texto, eu peliteio uma cadeira na ABL.

    Claudio,

    Concordo contigo. Essa coisa de grande cair é um atraso. Mas tô falando de grande de verdade. São poucos.

    ResponderExcluir

Solta o verbo, amigo !!!!