Durante muitos anos a TV Globo foi referência de qualidade no país. O elogiado "Padrão Globo de Qualidade" foi, talvez, o primeiro ISO9000 da indústria brasileira. Óbvio que esta constatação não tem viés ideológico. Caso assim fosse, os elogios não surgiriam tão abundantes. Na verdade, não surgiriam nem escassamente. Mas é fato que, considerando exclusivamente a qualidade de suas produções, a Globo criou uma expectativa de excelência que, de certa forma, fez bem à televisão brasileira. As outras emissoras, ávidas por uma pequena fatia do milionário mercado publicitário, tiveram que investir em qualidade. Esse movimento melhorou as produções e nos deu pérolas, não globais, como "Pantanal", novela da extinta Rede Manchete, fartamente elogiada à época.
Pois bem, esses tempo se foram. Pelo menos no esporte. As mil câmeras, os recursos de computação gráfica e outros avanços tecnológicos ainda dão a sensação de excelência. Mas eis que o locutor-mor abre a boca...lá se vai o tal "Padrão Globo de Qualidade".
Nesse fim de semana, resignado, assisti duas atrações ancoradas pelo Galvão Bueno. É triste constatar como esse senhor fica senil a cada nova transmissão. Pela manhã, no Grande Prêmio de Ímola, ele se esgoelava pateticamente tentando emprestar emoção a uma situação evidentemente previsível. Rubens Barrichelo, sem graça por natureza, liderava a prova 5 segs a frente do seu companheiro de equipe, Jenson Button. Faltavam duas voltas para o final da corrida. A vitória era evidente. Salvo acidentes, Rubinho não seria mais alcançado. Mas mestre Galvão continuava prevendo uma possível contenda entre Barrichello e o segundo colocado. Foi constrangedor. Em respeito à justiça, quero dizer que me emocionei várias vezes com suas narrações de vitórias inesquecíveis de Ayrton Senna e Nelson Piquet. Mas não é de hoje que a senilidade do Galvão tem se tornado explícita. Basta lembrar a tristeza que tem sido suas narrações em jogos da seleção brasileira, em que ele se arvora da posição de porta-voz oficial da torcida brasileira.
O domingo seguiu e, se já estava ruim, ele conseguiu piorar. No fim do Esporte Espetacular, foi ao ar uma matéria em que ele conversou com Rodrigo Pessoa, o cavaleiro campeão olímpico, lá na Bélgica. Durante a entrevista, na casa de Rodrigo, ao ser apresentado à futura esposa do campeão, Galvão Bueno criou uma tremenda saia justa ao provocar a moça a falar umas poucas palavras em português, mesmo sabendo, pelo próprio Rodrigo, instantes antes, que ela não falava patavinas da nossa língua. Nem suas piadas infames conseguiram desfazer o mal estar causado pela sua costumeira falta de bom senso.
Não é possível que ninguém do jornalismo esportivo da Globo não tenha percebido ainda que o narrador tem exagerado sistematicamente em suas demonstrações de patriotismo. Demonstrações que ultrapassam o ridículo e constrangem o telespectador.
Curtas:
* E a Nau Vascaína vai velejando em direção à terra firme. Não tem sido uma viagem livre de sustos. Mas o timoneiro dá a impressão que tem o leme firme nas mãos, e que as tempestades eram previsíveis e, consequentemente, foram consideradas na hora de traçar a melhor rota.
* Disseram que os quase 80 mil vascaínos presentes ao Maraca contra o Ipatinga não teriam ido não fosse o aniversário do clube e a oportunidade, à época, de pular para a liderança. Dia 19/09 a torcida tem uma oportunidade para provar que não precisa de muitos motivos para lotar o estádio. A imensa paixão pelo clube já basta.
Este senhor vem prestando serviço ao que há de pior no futebol há muito tempo. Lembro-me daquele jogo da Seleção no Maraca que a torcida o mandou tomar no cu e a Globo, desesperada, não conseguia abafar o barulho ensurdecedor na transmissão.
ResponderExcluirA Globo, eu costumo dizer, poderia se restringir às novelas, já que para fazer jornalismo, de qualquer tipo, ela pisa constantemente na bola.
Abraços!