Estive sábado em São Januário. Fiquei na ferradura, bem ao lado da Força Jovem. Exatamente por isso a declaração do felipe após o jogo me surpreendeu muito. Mais - a declaração do Felipe reacende uma discussão antiga que opõe, por opiniões contrárias, amigos, conhecidos, comentaristas e até jogadores.
Quem conhece São Januário nas suas idiossincrasias, e eu pretendo ser um desses conhecedores, sabe que a opinião das sociais nunca, ou quase nunca, coincide com a opinião das arquibancadas. O sócio tem a particularidade de cismar com esse ou aquele jogador e vaiá-lo sistematicamente. Esse fenômeno se acentua se o jogodor em questão for oriundo dos juniores. Pela disposição das sociais e arquibancadas, essa vaia é escutada em campo de forma clara. Não sei se tão claro fica para o jogador a origem da vaia. Às vezes, pode não ficar tão inequívoco. Acredito que foi exatamente isso que ocorreu no sábado. Sou testemunha, como outros milhares de torcedores, que as arquibancadas foram participativas, apoiaram o tempo inteiro. Lógico que em alguns momentos, principalmente depois dos gols, esse apoio e vibração ganha força. Mas, ressalvado o coro de burro, que houve sim, em momento algum a torcida de arquibancada - logo, a TORCIDA QUE CONTA - vaiou ou se mostrou impaciente com qualquer jogador em campo. Ao falar em "torcida", de maneira tão generalizada, o que em São Januário tende a ser um erro, o Felipe corre o risco de ter sido infeliz e injusto. Vamos ver como a torcida vai receber a crítica. Espero que a serenidade prevaleça. Há muito tempo os vascaínos não estamos tão otimistas.
Apoiar os 90 minutos e deixar as vaias para o final; vaiar se o time mostra desinteresse ou apatia extrema; vaiar a falta de talento - o jogador reconhecidamente ruim, que não mereça a honra de vestir a lendária camisa da Cruz de Malta - qual é o comportamente certo da torcida? Não acho que haja um modelo que seja apropriado. Futebol é acima de tudo paixão. As reações não são, nem devem ser, fruto de um comportamento racional, ditado por lógica previamente estabelecida. Quem precisa mostrar serenidade é o jogador, tido como "profissional". Ele recebe para jogar, sabendo que a vaia faz parte do espetáculo. O torcedor, o que paga o que não tem, que fica na chuva, que volta pra casa meia noite (no horário imoral da globo) de ônibus correndo o risco de ser assaltado e chegar atrasado no trabalho no dia seguinte, esse, pode tudo. Ou quase tudo. Além disso, o Felipe precisa ponderar que são 8 anos sem título algum, para uma torcida acostumada a ganhar. A geração que ocupa as arquibancadas hoje, nascidos em sua maioria nos anos 70, 80 e 90, viram vários títulos e grandes times. É uma torcida mal-acostumada. Mal costume que, a propósito, o Felipe mesmo ajudou a fomentar com suas atuações brilhantes na segunda metade dos anos 90, que renderam títulos e muitas comemorações. Menos, Felipe. Seja mais generoso. Essa mesma torcida já te aplaudiu e te apoiou muito.
SAUDAÇÕES VASCAÍNAS !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Curtas:
* A boa vontade inusitada e recente da globo com o VASCO me deixa preocupado. Tenho pensado nisso.
* Essa exposição que o VASCO vem tendo tem que interesse? Ajudar o Roberto na sua tentativa de reeleição? Afastar de vez a possibilidade de retorno do Eurico, que representa real perigo na tentativa da globo de manter o monopólio sobre o futebol brasileiro até a copa de 2014? Não sei, mas não tou gostando nadinha...
* Impecável a atitude da torcida no minuto de silêncio em homenagem às vítimas do massacre em Realengo. Nunca imaginei que presenciaria um minuto de silêncio de verdade em estádio de futebol. Me orgulho de ser vascaíno cada vez mais.
* Me empolgo quando imagino a festa que pode ser a apresentação do Juninho. É, sem dúvidas, no que tange apenas a identificação com o clube, o maior ídolo depois do Roberto. É bom lembrar que ele declarou certa vez ao ser indagado se jogaria no clube da Gávea: "Com tanto clube por aí, vou jogar logo lá??? Gosto demais do VASCO para fazer isso."
* Um grande amigo me falou sobre a possibilidade de "Tríplice Coroa". Na hora, movido pela cerveja, meus olhos brilharam e cheguei a sonhar. Voltando à realidade, quero apenas, por enquanto, ganhar a Taça Rio e me classificar para as quartas de final da Copa do Brasil. Um passo de cada vez.