sexta-feira, 30 de abril de 2010

ESSE NÃO É O VASCO.

O título poderia fazer referência ao time. Se a intenção fosse essa, seria pertinente. Mas não é a isso que me refiro. Esse time que anda jogando com a lendária camisa da Cruz de Malta não é o VASCO. Mas sobre isso basta ler esse texto, ou esse, ou ainda esse.

Me refiro ao Club de Regatas Vasco da Gama, à instituição, fundada há quase 112 anos na contra-mão do óbvio, abrigando sob seu pavilhão os excluídos e indesejados; aqueles que não encontravam espaço nas instituições sociais elitistas que havia então. O VASCO foi a resposta da comunidade lusa à rejeição que sofria a turma do "P": O Preto, alforriado de pouco, logo inútil; o Pobre, ainda hoje excluído; e o Português, figura execrada e ridicularizada pela elite republicana recém alçada ao poder, por representar a memória do império colonizador. Assim que fundado, a elite sentenciou: Não dura 10 anos, o clubezinho dos portugueses...O clube chegou ao 10º aniversário mais forte que supunham os sócios mais otimistas. Após a fusão com o Lusitânia e o ingresso no futebol, o esporte dos brancos ricos da época, novo vaticínio: Não vão a lugar algum; nem campo têm. O clube dos excluídos foi campeão carioca logo no seu ano de estréia na 1ª divisão. Para ratificar sua sina vitoriosa, tornou-se Bi-Campeão em 1924. Pronto: Essa gentalha chega, ganha tudo, e ainda joga com o time cheio de pretos, disseram à época os rivais da Zona Sul - Que absurdo!!!!! Se quiserem jogar no meio de gente decente, construam um campo de futebol e excluam os negros e analfabetos do time. Essas foram as resoluções tomadas em reunião ocorrida na sede da AMEA, a FFERJ da época, presidida por Arnaldo Guinle, ícone da elite racista carioca e mandatário do Fluminense. Pois a portuguesada respondeu assim: A RESPOSTA HISTÓRICA. O texto na íntegra pode ser lido no link. Mas destaco esse trecho, que mostra o verdadeiro espírito do vascaíno e do Clube da Cruz de Malta:

"...São esses doze jogadores jovens, quase todos brasileiros, no começo de sua carreira e o ato público que os pode macular nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que eles, com tanta galhardia, cobriram de glórias.

Nestes termos, sentimos ter que comunicar a V.Exa. que desistimos de fazer parte da AMEA..."

O VASCO não se curvou à pressão dos poderosos da Zona Sul. O VASCO ratificava nesse momento sua origem VERDADEIRAMENTE POPULAR, e escrevia uma das páginas mais bonitas da história do desporto nacional. Manteve os "pretos" e constriu São Januário, A Colina Sagrada, que dispensa apresentações pelo que representa para o futebol brasileiro. Ainda hoje, passados mais de 80 anos, os rivais continuam sem estádio pra jogar...


Seguiu durante anos assim: altivo, orgulhoso e vencedor, para desespero de seus rivais de zona sul. O clube da portuguesada inconveniente frustrou todas as expectativas, se manteve vivo e se tornou um Gigante. Em 1937 a elite se rende, e, para o bem do futebol carioca, o VASCO volta para a liga onde jogavam os três clubes dos ricos. O "Clássico da Paz", jogado entre VASCO x América, sela o retorno do VASCO ao convívio dos demais.

A sanha de vitória continua a mesma; e o clube do subúrbio segue vencendo, segue altivo e orgulhoso. No final da década de 40, o Expresso da Vitória torna o VASCO odiado e invejado: O clube vence tudo, e se torna o primeiro clube brasileiro campeão de um torneio no exterior, O Campeonato Sulamericano de Clubes Campeões, disputado no Chile. A torcida orgulhosa, já gigantesca e espalhada por todo o país, não para de crescer. As glórias se acumulam; o VASCO segue vitorioso. E assim eu conheci o meu clube, um Gigante, odiado e respeitado pelos rivais. Temido por todos, onde fosse jogar. A Cruz de Malta, que adorna nossa lendária camisa, granjeava pavor em uns e veneração em outros. Assim era o VASCO...

A caricatura de time que hoje enverga essa camisa, não honra essa história. A diretoria, capitaneada pelo ídolo eterno, não honra essa história. O VASCO caminha para o posto de coadjuvante, caso permaneça em São Januário essa política atual. Já são dois anos da nova administração. Não me venham falar em herança maldita. TODOS os clubes de futebol devem milhões. O VASCO não é exceção. A corja da gávea foi patrocinada por uma estatal durante 20 anos, devendo a tudo e a todos, e as tais certidões nunca foram empecilho para o recebimento das cotas de patrocínio. O timezinho de General Severiano, igualmente afogado em dívidas e patrocinado por estatal, recebe suas cotas de patrocínio. Só o VASCO não consegue as famigeradas certidões.

A atual diretoria, durante a campanha, propalava aos quatro ventos - uma fila de patrocinadores vai se formar diante da sede no dia seguinte à posse. O resultado da auditoria contratada para devassar as contas da direção anterior até agora não foi divulgado. O VASCO, com raríssimas exceções (Cazalber), só contrata jogadores medianos e técnicos novatos e inexperientes (Tita, Mancini, Gaucho). O time não empolga o torcedor mais fanático. O Clube, assimilando o perfil extremamente passivo da diretoria, vai se tornando opaco, sem brilho, sem espaço na mídia, quase inspirando simpatia ou compaixão naqueles que outrora foram seus rivais mais ferrenhos...

Futebol é guerra, senhores. Disse guerra, não disse violência. Futebol não se ganha com simpatia, sorrisos, fair play, fleuma...Futebol se ganha com raça, audácia, sangue nos olhos e coração na ponta da chuteira. Futebol se ganha com o espírito que norteava esse clube até algum tempo atrás. Espírito que tornou o VASCO um clube respeitado e vencedor.

Quero o VASCO de volta. À merda todos os rivais da zona sul. Fodam-se todos os rivais paulistas, mineiros, gaúchos...

É hora do verdadeiro vascaíno erguer a cabeça, se inspirar na história e cobrar. Exigir o VASCO de volta. Exigir que se retome o espírito dos nossos fundadores. Eles deixaram o legado: É desafiando o óbvio e os poderosos que se constrói um clube campeão !!!


SAUDAÇÕES VASCAÍNAS !!!!!!!!!!!!!!!


Curtas:

* E, por favor, não me venham dizer que criticar essa diretoria é apoiar a oposição ou defender o ex-presidente. O ídolo-presidente não é imune a críticas. Muito acima dele paira o VASCO, maior que ele e que todos nós.

* Quarta-feira, durante os 90 minutos de bola rolando, apoio total. Pressão em cima do time pequeno de Salvador. Antes e depois do jogo, pressão em cima da diretoria de pensamento pequeno.

* Aonde estão os vascaínos ricos e ilustres que se negavam a ajudar enquanto o Eurico fosse presidente? Vão continuar se omitindo?

terça-feira, 20 de abril de 2010

VENCENDO O DESÂNIMO.

Tenho sido muito cobrado pelo meu longo silêncio. Isso muito me honra, visto que é prova inequívoca de que essas poucas palavras aqui escritas recebem atenção. O VASCO, motivo de existência desse blog, é o culpado pela ausência de textos. Explico: Esse time não me motiva. Nem é horrível, nem é genial. É sem sal, sem intenção de rimar. O presidente, ídolo incontestável, tem sido, como administrador, a imagem do time em campo; não tem feito uma grande administração, mas seu sorriso indefectível, marca registrada, inibe as críticas mais ácidas e contundentes da imprensa e de boa parte dos torcedores. Esses, ainda alimentam a percepção que criticar o Roberto de forma mais intensa é, de certa forma, endossar o discurso da oposição, liderada pelo defenestrado ex-presidente.

Assim segue o VASCO, insosso. As vitórias são magras, sem brilho. As derrotas deixam a impressão de que poderiam ter sido evitadas, não fossem esses ou aqueles elementos. Aqui, eu acho que reside um outro perigo. O VASCO NUNCA, que eu me lembre, TEVE A ARBITRAGEM A SEU FAVOR. Na verdade, desde que me entendo por gente, o VASCO sempre foi a antítese da tríade da Zona Sul. E foi dessa forma que nos tornamos gigantes, lutando contra a ordem por eles estabelecida. Sei que os erros de arbitragem incomodam, são orquestrados, nos tiram vitórias e quase sempre o clube favorecido é o mesmo. Mas sempre foi assim. E vencemos muitas vezes assim. É importante que o ódio devotado ao "de preto" não obscureça a percepção de que não ganhamos nada significativo há 10 anos.

Não quero insuflar uma discussão política. O tom é de desabafo. Um clube como o VASCO vive de conquistas. O VASCO não precisa ser o clube simpático, queridinho. Até porque, por suas origens e história, nunca será. Prefiro o VASCO odiado pelos rivais, antipático aos olhos dos demais torcedores, porém VENCEDOR, COMO SEMPRE FOI.

A torcida percebe o momento sem brilho do time. Em jornadas memoráveis no passado, São Januário vivia lotado. Durante a penitência da Série B, vivendo um momento de profunda dor, foram recordes de público, um atrás do outro. Agora, que não fede nem cheira, São Januário fica às moscas. Essa é a resposta eloquente da massa ao momento modorrento do time. Espero que amanhã a história comece a mudar. Há bons motivos para esperar uma bonita festa na Colina Sagrada. Afinal, às vezes nosso estádio recebe visitas muito especiais.


SAUDAÇÕES VASCAÍNAS !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



Curtas:


* Cruz Pátea, Cruz de Cristo, Cruz Templária etc. Na gramática vascaína só existe CRUZ DE MALTA.

* A novela Juninho encheu o saco. Sua condição de ídolo é inquestionável, mas a forma como seu possível retorno é conduzida acaba arranhando sua imagem, principalmente juntos àqueles que eram muito jovens quando o Reizinho ajudou a construir um dos períodos mais vitoriosos da história vascaína.

* Li muita coisa quando estive ausente. Recomendo essas leituras: Guerra? É com a gente !, principalmente o texto de Ugo Giorgetti, do Estadão, transcrito no fim do post; Urubutomia, do impagável "Irmãos Bacalhau", numa referência à canalhice que emana da emissora do Jd. Botânico; O Insuperável Edmundo Alves de Sousa Neto, do meu amigo Almirante, dentre outros.